Equilíbrio e Saúde Mental

Equilíbrio e Saúde Mental

A matéria abaixo trata da importância de se ter EQUILÍBRIO emocional, um dos nove hábitos das populações que vivem nas Blue Zones, as cinco regiões do mundo onde as pessoas vivem mais e são mais felizes.

Simone Biles, fenômeno da ginástica artística, vencedora de 25 medalhas em campeonatos mundiais, sendo a ginasta mais condecorada na história do seu país em mundiais, se retira das olimpíadas de Tóquio alegando problemas de saúde mental.

 

“Simone Biles reconhece a própria vulnerabilidade”

Stela Campos é editora de Carreira, coeditora dos anuários Executivo de Valor e Valor Carreira. Autora do Guia Valor Econômico de Desenvolvimento Profissional.

A colunista fala sobre a importância de os bem-sucedidos aprenderem a lidar com os erros e a demonstrarem suas fraquezas quando for preciso

 

– Foto: AP Photo/Dmitri Lovetsky

 

Com apenas 1,42 m de altura, Simone Biles é uma gigante da ginástica olímpica. Dona de quatro medalhas de ouro e uma de bronze na Rio 2016, onde se tornou tetracampeã olímpica com apenas 19 anos, sua participação em Tóquio era aguardada com muita ansiedade pelo público, pelos outros atletas e pela própria ginasta.

Tratada por todos como uma estrela de maior quilate, foi poupada até de participar da abertura dos jogos pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos.

Tamanha expectativa acabou pesando para a atleta que errou em pleno ar e quase caiu em uma disputa na final por equipes no Centro de Ginástica Ariake nesta terça-feira. A aterrissagem problemática, a nota mais baixa que os recordes costumeiros, tiraram a atleta da competição e a levaram para o banco de reservas. A equipe americana acabou não levando o ouro e conquistando a medalha de prata. Simone disse que preferiu desistir por conta de sua saúde mental.

A saúde mental é uma questão que veio à tona em todo o mundo com a pandemia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um bilhão de pessoas sofram com algum transtorno mental. No mundo executivo, nas empresas, em geral, os casos de ansiedade, depressão e burnout dispararam desde 2020. Entre os atletas, o caso de Simone acende o alerta de que esse é um assunto que precisa estar na mesa e não é mais um tabu.

Quando Simone diz que desistiu da competição porque não confiava mais tanto nela mesma, o mundo para para escutar. Modéstia nunca fora antes uma de suas características, ela sempre pareceu saber que era melhor que as outras. No documentário “Biles & Herself”, afirmou que iria para Tóquio porque queria desafiar a si mesma. Não enxergava competidores a sua altura. O significado do erro, para ela, definitivamente é muito diferente do que para a maioria dos outros mortais. Aos 24 anos, a pressão interna pelo sucesso para ela foi maior ou pior do que a expectativa externa. Quando chegar ao topo é uma constante na carreira, o que mais esperar em termos de superação? Há pouco tempo, Simone surpreendeu o mundo ao ser a primeira mulher a realizar o dificílimo movimento “Yurchenko com duplo mortal carpado”, em um torneio nos Estados Unidos, depois de ficar 18 meses sem treinar por conta da pandemia. Não conseguiu repetir nada parecido em Tóquio.

Faltou maturidade emocional para a garota que iniciou a carreira aos 13 anos. Mas, assumir publicamente que está esgotada e sofre com sua saúde mental já faz dela uma campeã, como exemplo para outros milhares de jovens que sofrem com a pressão pelo sucesso e por um desempenho superior. Reconhecer a própria vulnerabilidade, o que tem sido um mantra entre os executivos na pandemia, deve ter tirado uma tonelada de seus ombros, o que pode ajudá-la a voltar com energia redobrada. Não é possível subestimar a determinação da corajosa e destemida Simone Biles.

Este ano, a tenista Naomi Osaka desistiu do torneio de Roland Garros e justificou dizendo que não conseguia mais lidar com tamanha exposição, em seu posto de uma das melhores tenistas da atualidade, porque era uma pessoa introvertida.

Quando super atletas jogam a toalha, não por conta dos adversários, mas porque estão cansadas e fragilizadas com a superexposição, elas nos lembram que somos todos humanos. Podemos falhar na hora “H”, desistir, mas também precisamos aprender a lidar com os nossos erros para seguir em frente.

E vale lembrar da pequena skatista Rayssa Leal, que aos 13 anos, experimentou a vitória na Olimpíada, levando um medalha de prata para o Brasil. Daqui para frente, ela vai ter que lidar com seu novo status de celebridade. Por sua postura descontraída e animada na pista, parece que ela pode tirar isso de letra, mas este é apenas o começo de sua jornada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *