Brasil tem 2,4 milhões de pessoas com autismo e 14 milhões com deficiência

Brasil tem 2,4 milhões de pessoas com autismo e 14 milhões com deficiência

Por Ludimila Honorato – Portal VivaBem – UOL

23/05/2025

O Brasil tem 2,4 milhões de pessoas com TEA (transtorno do espectro autista), o que corresponde a 1,2% da população no país. A prevalência é maior em homens e em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. Os dados são do Censo Demográfico 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que pela primeira vez investigou informações sobre autismo.

O que aconteceu

Censo foi divulgado hoje. Os dados são preliminares e dão continuidade à divulgação das informações investigadas no Questionário da Amostra do Censo Demográfico 2022, com foco nos perfis sociodemográfico e educacional de pessoas com deficiência e daquelas diagnosticadas com TEA por um profissional de saúde.

Autismo é mais prevalente em homens. A condição foi declarada por 1,4 milhão deles (1,5%) e por quase 1 milhão de mulheres (0,9%). A maior prevalência se mantém em todas as faixas etárias até 44 anos, mas nos grupos de 50 a 54 e de 60 a 69 anos, as mulheres têm prevalência um pouco superior, com diferença de 0,1 ponto percentual.

Crianças e adolescentes somam mais diagnósticos. Ao todo, mais de 1 milhão de pessoas na faixa de 0 a 19 anos têm diagnóstico de TEA. São 2,1% no grupo de 0 e 4 anos de idade; 2,6% entre 5 e 9 anos; 1,9% entre 10 e 14 anos; e 1,3% entre 15 e 19 anos. Nas demais faixas etárias, os valores variam de 0,8% a 1%.

Meninos de 5 a 9 anos têm maior percentual de diagnóstico. Eles correspondem a 3,8% da população com TEA no país, o equivalente a 264 mil pessoas. Já as meninas da mesma faixa de idade são 1,3%, totalizando 86 mil crianças. O cenário é parecido no grupo de 0 a 4 anos, com prevalência de 2,9% entre os meninos e 1,2% entre as meninas.

Distribuição pelo país é similar, mas Sudeste se destaca. As regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste registraram 1,2% de pessoas com TEA cada, e a região Centro-Oeste tem 1,1%. Mas os números totais mostram maior prevalência no Sudeste, com mais de 1 milhão de pessoas. Entre os estados, Acre tem o maior percentual (1,6%, equivalente a 13 mil pessoas) e São Paulo tem a maior quantidade (548 mil). Os menores percentuais foram da Bahia e Tocantins, com 1% —respectivamente, 145 mil e quase 15 mil pessoas com autismo.

Raça ou cor

Percentual é maior entre pessoas que se declaram brancas. Elas representam 1,3% das pessoas com TEA, o equivalente a 1,1 milhão. A menor prevalência está entre pessoas indígenas, com 0,9% (11,4 mil). Embora o percentual de pessoas pretas e pardas com diagnóstico seja de 1,1% para cada grupo, os números totais mostram a diferença: 222 mil pessoas pretas e 1,1 milhão de pessoas pardas.

Escolaridade

Dados reforçam maior prevalência em idade escolar. Em 2022, o Brasil tinha cerca de 45,7 milhões de estudantes de 6 anos ou mais de idade. Desses, cerca de 761 mil foram identificados com autismo, ou seja, 1,7% do total de estudantes, taxa superior à da população geral com diagnóstico (1,2%).

Faixa etária de 6 a 14 anos tem maior prevalência. 70,4% dos meninos e 54,6% das meninas com TEA estavam nesse grupo de idade. Entre as mulheres com 25 anos ou mais, 22% têm autismo, superior à proporção de 19,8% do total de estudantes nessa faixa etária. O IBGE sugere que “parte das mulheres com autismo pode estar retomando ou prosseguindo os estudos em idade adulta, possivelmente por meio da educação de jovens e adultos ou ensino superior”.

Taxa de escolarização é superior à da população geral. Quase 37% das pessoas com TEA eram escolarizadas, ante 24,3% da população geral. A diferença foi mais expressiva entre os homens: 44% com autismo estavam estudando, frente a 24,7% do total de homens. Entre as mulheres, a taxa de escolarização foi de quase 27% entre aquelas com autismo, ante 24% no total. Entre as pessoas com diagnóstico, 46% estavam no grupo sem instrução e fundamental incompleto.

Pessoas com deficiência

O IBGE também trouxe dados apenas de pessoas com deficiência. O país tem 14,4 milhões (7,3%) de indivíduos com alguma dificuldade funcional. Os dados englobam indivíduos com 2 anos ou mais de idade, diferente do Censo 2010, que cobriu todas as idades. Desse grupo, 2% têm duas ou mais deficiências. O número de mulheres com deficiência (8,3 milhões) é superior ao de homens (6,1 milhões).

O Nordeste tem o maior percentual de pessoas com deficiência (8,6%). Em seguida, vêm as regiões Norte (7,1%), Sudeste (6,8%), Sul (6,6%) e Centro-Oeste (6,5%).

A maioria das pessoas com deficiência tem dificuldade para enxergar. Elas são 7,9 milhões de indivíduos, ou 4% do grupo. Em seguida estão as pessoas com dificuldade para andar ou subir degraus (5,2 milhões), para pegar pequenos objetos ou abrir e fechar tampas (2,7 milhões) e para ouvir (2,6 milhões).

Entre as pessoas de 15 anos ou mais com deficiência, quase 3 milhões eram analfabetas. Isso corresponde a uma taxa de analfabetismo de 21,3%, ou quatro vezes a taxa de analfabetismo das pessoas sem deficiência (5,2%). Além disso, 63% das pessoas de 25 anos ou mais de idade com deficiência não completaram o ensino fundamental. Entre as pessoas sem deficiência, essa proporção era quase a metade (32,3%). Em 2022, apenas 7,4% das pessoas com deficiência haviam concluído o ensino superior, contra 19,5% das pessoas sem deficiência.

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